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Apenas o blog de um cara louco e cheio de ideias, tentando um pouco da sua atenção. Um lugar aonde você encontra assuntos abordados de uma maneira simples, rápida e de fácil compreensão. Está esperando o que para começar a ler?


Neve e Sangue


Baseado em A Segunda Variedade, de Philip K. Dick.


Título: Neve e Sangue
Gênero: Suspense (Fanfic/One Shot)
Contém: Agressão Física


O ano era 2035, a Terra estava praticamente desolada e destruída, ninguém nunca tinha pensado que a rincha entre os Estados Unidos e a Rússia acabaria daquela maneira. A guerra entre as duas potências teve um impacto tão grande que a terra se tornou praticamente inabitável, então para se livrarem de problemas, os governos resolveram fazer colônias na Lua, até que a situação se resolvesse.
As colônias lunares foram alugadas rapidamente, de modo que os atrasados e as pessoas que não conseguiram dinheiro à tempo tiveram que continuar na Terra, sobrevivendo aos mais diversos tipos de doenças e ataques de armas e bombas.
Umas das armas que mais assustavam e matavam as pessoas eram os chamados robots, eram robôs de vários tamanhos e formas, mas com uma coisa em comum: todos pareciam insetos, eram feitos de aço, e conseguiam matar uma pessoa em questão de minutos. Uma característica que realmente chamava a atenção nesses robôs eram sua capacidade de auto-conserto, se um deles quebrassem, logo eram consertados por outros ou até por si mesmos.
Essa capacidade de se consertar junto à capacidade de construírem outros iguais à si, tornou os robots uma praga para os humanos que ficaram na Terra, em questão de semanas essas máquinas haviam destruído mais de 1/3 de toda a população mundial.
Para se protegerem desses robôs os humanos remanescentes se juntaram em cidadelas fechadas e seguras, se protegendo do mundo e da guerra que acontecia lá fora.


***


Emily estava do lado fora de sua cidadela, brincando com seu irmão quando viu algo reluzente se mexendo no meio da neve, ela se aproximou do objeto, e assim que chegou bem perto um robot enorme surgiu na sua frente, com inúmera patas, parecendo uma centopeia, o animal saltou e se jogou em cima dela. Emily esperou as lâminas da boca do robot lhe destruírem, mas isso não aconteceu.
Antes do robot a pegar um garoto puxou Emily para fora do alcance do robô, a garota não teve nem tempo de perguntar qual era o nome do menino, pois o mesmo a puxou pelo braço com uma mão, enquanto com a outra puxou o irmão mais novo de Emily, e os levou para longe dali.
Só depois que tiveram certeza de que o animal não estava mais os seguindo é que Emily conseguiu perguntar o nome do garoto.
-Meu nome é David- o garoto respondeu ofegante.
-De onde você vem?- a garota perguntou.
-Do sul, de uma cidadela que foi destruída.
-Você tem para onde ir?
-Não.
Emily então levou o menino para a sua cidadela, todos o receberam muito bem, afinal ele havia salvado a filha do líder daquele grupo.
A cidadela em que Emily vivia ficava na divisa da Rússia com a China, então ali viviam pessoas de vários lugares do planeta, desde chineses à ex-soldados americanos. O lugar era todo protegido por um enorme paredão que circundava toda cidadela, e só existia um portão, no lado sul, era um enorme portal de aço de uns 4 metros de altura, precisava de cinco homens para abri-lo, mas só isso não detia os robots, para uma proteção maior ainda, a cidadela possuía uma cúpula de ferro, que cobria o lugar deixando-o escuro. Por causa da escuridão, as ruas tinham que ser iluminadas, como não havia energia elétrica as ruas eram iluminadas com tochas que era mantidas acesas 24 horas por dia sem cessar.
Emily mostrou todos os lugares para David, estava muito animada com seu novo amigo, eles ficariam juntos para sempre, pelo menos era o que a ingênua garota pensava.


***


A casa de Andrei Stravinsky estava gelada, então ele se levantou e resolveu colocar lenha em um fogão para se esquentar um pouco. Ele saiu de casa e se dirigiu ao depósito aonde guardava a lenha, no caminho seus olhos passaram pela janela, e focalizou então que o portal da cidadela estava aberto, rapidamente ele saiu de casa e foi ao seus vizinhos pedir ajuda, ele chamou em todas as casas mas ninguém o atendia. 
Andrei então resolveu procurar em outras casas, a primeira em que foi era a de uma família de chineses. A porta da casa estava aberta, então Andrei entrou, chamou pelos nomes dos moradores, e ninguém respondeu, chamou mais uma vez, e continuou sem respostas.
Andrei já estava no meio da sala quando escutou algo se mexendo no andar de cima da casa, o homem chamou mais uma vez... sem resposta. Então começou a subir as escadas, a cada passo que dava chamava os moradores, ao chegar no andar de cima encontrou o lugar revirado, ao colocar os pés no chão do andar sentiu que o mesmo estava molhado, então se abaixou  e viu que tudo estava coberto de sangue. O coração de Andrei disparou, ele correu ao quarto do casal de chineses e se deparou com os pedaços dos mesmos espalhados pelo quarto, havia sangue e nacos de carne por todos os lados, ele conhecia muito bem o que deixava aquele tipo de rastro: robots.

***

Na rua solitária e gelada da casa de Emily, David andava com uma expressão séria no rosto, o menino se direcionou para a casa de Emily e bateu na porta. Após alguns minutos o pai da garota atendeu e ficou surpreso ao ver o garoto àquela hora da madrugada.
-O que você faz aqui garoto?- o homem perguntou
O menino não respondeu.
-O que você faz aqui?- o homem repetiu.
O menino sorriu, e então vários robots apareceram dos mais variados lugares e entraram dentro da casa, o primeiro grupo que entrou se concentrou em matar o homem, rapidamente o reduziram à uma enorme poça de sangue e carne no chão, ao escutar os gritos do pai Emily saiu para fora de seu quarto e viu os robots em toda a casa, a menina correu ao quarto de seu irmão, mas era tarde demais, os robôs já estavam mergulhados em seu sangue, a garota então correu de volta para o seu quarto e saiu pela janela, andou cuidadosamente pelo telhado e desceu até o chão.
A menina saiu correndo, gritando para os vizinhos o que estava acontecendo, alguns saíram de casa, mas logo foram pegos pelos malditos robôs. A noite foi terrível, a cidadela foi infestada, apenas algumas pessoas sobreviveram, só aquelas que conseguiram sair de lá a tempo.
No outro dia Emily resolveu voltar para a cidadela, ao chegar lá encontrou o lugar destruído, a cúpula que cobria o lugar estava esburacada e destruída, algumas casas estavam em chamas, o chão agora era coberto por uma mistura nojenta de gelo e sangue, haviam pedaços de carne e membros espalhados por vários lugares. Emily então caiu no chão e começou a chorar, não podia entender, e nem conseguiria pela sua tão pouca idade, o que motivara as pessoas a criar aquelas máquinas.
A garota ficou deitada no chão por um bom tempo, até conseguir para de chorar, quando finalmente conseguiu ela se levantou e continuou sua caminhada. Bem no meio dos escombros de uma casa Emily conseguiu avistar ao longe uma pessoa ainda viva, ela se alegrou, correu até a pessoa gritando e chamando, quando a pessoa se virou Emily percebeu que se tratava de seu amigo David.
Ao ver um rosto tão conhecido a garota se emocionou, chegou perto do garoto e lhe deu um abraço bem forte.
-David, que bom que você está vivo!- a menina disse.
O menino não respondeu, seus olhos apenas fitavam a garota, como se estivesse hipnotizado, mas Emily nem reparou.
De repente, o encontro tão emocionante foi interrompido, por um grito.
-Saia daí!- um rapaz gritou ao longe.
Emily se virou e disse que estava tudo bem que os robots já tinham ido embora. Mas o rapaz a ignorou e chegando mais perto repetiu a ordem, dessa vez se dirigindo somente à garota. Emily por sua vez não moveu um músculo do lugar. O rapaz então puxou uma arma e atirou contra David.
A menina gritou e fechou os olhos para não ver seu amigo morto, mas o rapaz chegou perto dela e a fez abrir os olhos. Foi então que Emily viu pedaços de metal e parafusos para todos os lados.
-O que é isso?- a menina perguntou.
-Ele era um robot- o rapaz respondeu.
-Como assim? Ele era um garoto!
-Não, os robots evoluíram sua produção de novos robôs, e conseguiram através de uma inteligência artificial criar um robot que fosse semelhante à um humano, existem vários tipos, nós os chamamos de Variedades. As Variedades entram nas cidadelas e acampamentos do exército para desarmar e abrir caminho para os robots comuns. Esse que você conheceu era a Primeira Variedade, o menino bonzinho e indefeso, David.
-Primeira? Existem outras?
-Existem, a Segunda Variedade é uma mulher sedutora; a Terceira um soldado aleijado e cansado e por fim, a Quarta Variedade é um soldado.
Emily então entendeu tudo, ela se sentou na neve, estava cansada daquela história. Mas logo que se sentou o soldado a puxou para cima. Ela não entendeu o porque até que olhou à sua volta, vários Davids se aproximavam deles, todos com um sorriso maléfico nos lábios.
-O que nós vamos fazer?- a garota disse.
-Não sei!-o soldado respondeu- Você sabe orar?

FIM


Notas Finais: Bem, esse foi o primeiro conto dessa semana que prometi contos de terror, para começar essa semana de contos (um pouco atrasado confesso) escolhi algo diferente do que se pode encontrar aos montes na Internet. Foi quando eu lembrei desse conto incrível de Philip K. Dick, A Segunda Variedade.Lembrei de como a história era incrível e perturbadora ao mesmo tempo, além de misturar suspense, ficção científica e terror. Fiquei um pouco com receio de publicá-la no início, devido ao fato de o desfecho lembrar o desfecho de O Clone, mas mesmo assim publiquei, pois vi que não tinha muita coisa parecida. Espero que tenham gostado. Não esqueçam de deixar seu comentário com sua opinião!

3 comentários:

  1. Bela oneshot! O final, mesmo não mostrando um real sentido o que de fato ocorreu com Emily, foi incrível! Então, David apenas a salvou para se infiltrar, bem elaborado! Adorei essa oneshot Jason e estarei na espera por mais, pois você escreve muito bem, prendendo o leitor até o fim! Bjs

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  2. As máquinas explorando a emoção humana. Os que podem mais se dão bem, o restante se despedaça em fuga. História perturbadora mesmo.

    Ficou legal tua narrativa, com esse teu toque vertiginoso de descrever, numa sequência que tira o fôlego. E o final deixou em aberto na mente do leitor o que vai acontecer...acho bom isso.


    superabraço/!!

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  3. O nome David me lembrou o filme Inteligência Artificial. Gostei demais do seu conto, um tanto violento e cheio de suspense. Fiquei ligado nele.

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